RCM e a Manutenção

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RCM (Reliability-Centered Maintenance) se traduz como Manutenção Centrada em Confiabilidade.

Segundo Iony Patriota de Siqueira (2005): “… a MCC (Manutenção Centrada em Confiabilidade) tem expandido sua aplicação a praticamente todos os ramos da atividade humana, onde haja necessidade de manter o funcionamento de ativos físicos e de processos. Originária da indústria aeronáutica americana, e adotada pelas indústrias nuclear e elétrica mundiais, é hoje aplicada em muitos outros setores modernos da economia, inclusive o terciário e de serviço.”

A manutenção centrada em confiabilidade é um processo utilizado para definir o que deve ser feito para garantir que equipamentos e instalações continuem a fazer o que seus usuários necessitam que façam no seu contexto operacional (função e performance requerida).

A sistemática de implementação RCM implica em conhecer o contexto operacional e, para isso, será fundamental montar o time que irá participar do RCM e seus desdobramentos, coletar as informações junto aos responsáveis e descrever o sistema, fronteiras e interfaces (locais de instalação).

Assim, o contexto operacional é base para definir quais as melhores práticas a serem realizadas para que o sistema continue realizando o que dele se espera. Também, revela os pontos variáveis que afetam o sistema, tais como:

  • Impacto no negócio: Como o negócio depende do funcionamento do sistema.
  • Processo operacional: Se o processo atua em fluxo contínuo.
  • Padrões de qualidade: Expectativa de qualidade dos usuários, em termos de indicadores de nível de atendimento e satisfação.
  • Padrões ambientais: Que normas organizacionais, regionais, nacionais ou internacionais relativas ao ambiente se aplicam a instalação.
  • Padrões de segurança: Que expectativas de segurança, em termos de taxa de acidentes e fatalidades, se aplicam a instalação.
  • Intensidade de operações: Nível do ciclo operacional, tal como sobrecargas, partidas, paradas, etc.
  • Redundância: Existência de instalações redundantes ou de stand-by.
  • Estoques intermediários: Existência de pontos de estocagem ao longo do processo, que permitem a parada do item sem interrupção da produção.
  • Sobressalentes: Política e disponibilidade de sobressalentes que possam afetar as decisões sobre gerenciamento de falhas da instalação.
  • Demanda de mercado: Características de ciclicidade e flutuação dos níveis de oferta e demanda de produtos e insumos pelo mercado, que possam afetar as decisões sobre gerenciamento de falhas da instalação

De tal modo, os objetivos do RCM são preservar as funções dos sistemas; identificar modos de falhas que possam interromper as funções; priorizar as necessidades das funções; selecionar apenas tarefas preventivas que sejam aplicáveis e efetivas; determinar periodicidades ótimas para estas atividades.

Logo, é indispensável responder de forma estruturada uma série de perguntas, tais como:

  • Quais são as funções e padrões de desempenho esperados do sistema/ equipamento selecionado em seu contexto operacional? (Equipamento)
    • Definição de FUNÇÕES – o que o usuário deseja que o item ou sistema faça dentro de um padrão de performance especificado; descrevem os objetivos da existência dos sistemas na visão de seus usuários.
    • Exemplo de Funções de uma Máquina de Café
      • Misturar café
      • Manter o café a 120°F – 5°F
      • Armazenar café no bule
      • Misturar o café em no mínimo um copo por minuto
      • Misturar café automaticamente em um instante dado
      • Desligar a máquina automaticamente 4 horas após o ciclo
      • Armazenar água no reservatório
  • Como o sistema selecionado pode falhar?  (Falhas Funcionais)
    • Definição de FALHA – término da capacidade de um item desempenhar a função requerida; diminuição total ou parcial da capacidade de uma peça, componente ou máquina de desempenhar a sua função)
    • Exemplo de Falhas na Bomba de Óleo Lubrificante
      • Ausência de óleo
      • Pressão do óleo inferior a 10%
    • Função Bomba Centrífuga de Óleo Lubrificante
      • Fornecer Óleo a 1650 psi %
  • Quais as causas que levam a estas falhas?  (Causa das Falhas)
    • Definição MODOS DE FALHA – um evento ou condição física, que causa uma falha funcional; um dos possíveis estados de falha de um item, para uma dada função requerida (estado normal -> estado anormal).
    • Exemplo de Modos de Falha no Turbocompressor
      • Desgaste nas Paletas – Ação: Substituir?
      • Vibração na Base – Ação: Realinhar?
      • Entupimento na Turbina: Ação: Mudar projeto?
      • Desgaste no Mancal: Ação: Lubrificar?
  • O que pode acontecer quando a falha ocorre? (Efeito)
    • Definição de EFEITO – o que acontece quando um modo de falha se apresenta.
    • Exemplo de Efeitos dos Modos de Falha de uma Função:
      • Função: Misturar café
      • Falha: Não Misturar o café
      • Modo: Elemento aquecedor inoperante devido ao acúmulo excessivo de cálcio
      • Efeito: Não produz café
  • Quais podem ser as consequências da ocorrência da falha ou como a empresa é afetada? (Consequência)
    • As consequências são analisadas na MCC pelos impactos dos efeitos dos modos de falha na operação do sistema, no meio ambiente, na segurança física e na economia do processo.
      • funções significantes (critérios de seleção: segurança, meio ambiente, operação, economia).
      • lógica de decisão da MCC (determina a ação recomendada para eliminar ou diminuir as consequências de cada modo de falha destas funções).
      •  documentação de consequência (análise das consequências das falhas deve ser documentado para referencias futuras e auditoras bem como para estabelecer as etapas seguintes da MCC).
  • O que pode ser feito para detectar ou prevenir a ocorrência da falha? (Prevenção)
  • Se você não puder evitar a falha, que método ou processos você pode agilizar para garantir que as falhas sejam resolvidas rapidamente? (Medidas Corretivas)

A aplicabilidade do RCM envolve os seguintes critérios: prevenir modos de falha; reduzir taxa de deterioração; detectar a evolução das falhas; descobrir falhas ocultas; suprir necessidades e consumíveis do processo; repara o item após a falha.

Sua efetividade abrange os critérios de ser aplicável tecnicamente, de ser viável com os recursos disponíveis, de produzir os resultados esperados e de ser executável a um intervalo razoável.

O processo de seleção das atividades deve garantir a melhor escolha, que maximize a economia e operação do processo, respeitando as restrições de segurança e meio ambiente

Em resumo, os passos para implementação do RCM são: 1) Selecione o equipamento; 2) Identifique as funções; 3. Identifique as falhas funcionais; 4. Identifique o modo de falha e os efeitos; 5. Selecione as tarefas de manutenção; 6. Avalie e revise.

Portanto, a aplicação das principais estratégias de manutenção de forma integrada visa maximizar a confiabilidade e minimizar os custos do ciclo de vida dos equipamentos e instalações. 

Além disso, o resultado obtido se traduz na otimização do programa de manutenção preventiva e preditiva, otimização do investimento feito nesses programas e aumento da disponibilidade o que permite melhoria da produtividade. Dessa forma, outro fator importante é definir o Nível de Profundidade: ativo, sistema, subsistema e componente.

Pode ter certeza que o assunto RCM/MCC não se encerra por aqui, até porque os estudos dos modelos e dos guias de implementação apresentados em artigos e livros precisam ser aprofundados, analisados e validados.

Dica Gênesis para o Gestor:

Exemplo de sistemática de Implementação RCM

  • Conhecer o Contexto Operacional
    • Montar o Time que irá participar do RCM e desdobramentos
    • Coletar as informações junto aos responsáveis
    • Descrever o sistema, fronteiras e interfaces (Locais de Instalação)
  • Análise Funcional
    • Identificar as funções
    • Definir as funções
    • Definir as falhas funcionais
  • Identificar e Classificar os Modos de Falhas
  • Definir os Modos de Falhas
  • Definir as Causas das Falhas
  • Definir os Efeitos das Falhas
  • Classificar os Modos de Falhas
  • Identificar os Sistemas Críticos
  • Aplicar a Matriz de Decisão
    • Aplicar o Diagrama de Decisão
    • Identificar as Tarefas de Manutenção
    • Estabelecer Intervalos e Responsáveis
    • Identificar mudanças de Projeto
  • Implementar as Estratégias de Manutenção
    • Revisar Necessidade de Spare Parts (Lista Técnica)
    • Cadastro de Planos de Manutenção
    • Acompanhar mudanças de Projeto
  • Feedback (Análise de Confiabilidade)
  • Acompanhar resultados

Autores: Mara Rejane Fernandes e Moisés Fernandes Dias

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