Manutenção e a Confiabilidade

Seja a primeiro a saber de tudo o que rola na Gênesis

Insira seu email e assine nossa Newsletter

A Confiabilidade abrange cada etapa do ciclo de vida do ativo, por esse motivo, deve ser considerada uma atividade colaborativa que engloba a organização como um todo, exigindo o comprometimento dos profissionais de Manutenção e dos demais setores e, principalmente, o suporte da alta administração.

Lembrando que a gestão do ciclo de vida do ativo inclui: identificar a necessidade para aquisição; projeto; fabricação; instalação e comissionamento; operação, manutenção e engenharia; descartar e restaurar.  Logo, quando um item falha durante o ciclo de sua vida útil, ou seja, perde a função quando é necessário para o processo produtivo ou para o processo de manutenção, não há confiabilidade.

Além disso, se envolver um ativo de criticidade “A”, o desempenho global da empresa é comprometido e, na maioria das vezes, acarreta o aumento das interrupções imprevistas no processo e aumento dos custos associadas as falhas.

Na ABNT NBR 5462/1994, o termo Confiabilidade é definido como “capacidade de um item desempenhar uma função requerida, sob condições especificas, durante um dado intervalo de tempo. ”

Nessa afirmação, podemos destacar o óbvio:

  • DESEMPENHAR SUA FUNÇÃO REQUERIDA se refere a definição do padrão de performance demandado ao item (limites especificados de projeto). Por exemplo: Em um sistema de bombeamento, onde o item é o motor elétrico, cuja função é bombear 10 litros de água por minuto para uma caixa de água, desempenhar a função requerida é que o motor elétrico cumpra sua função de bombear 10 litros de água por minuto para uma caixa de água.
  • SOB CONDIÇÕES ESPECÍFICAS, está relacionado com a definição das condições ambientais em que o equipamento deve funcionar. Por exemplo: O motor elétrico deve estar protegido da agressividade do meio ambiente (umidade, impurezas, temperatura, vibrações) para evitar falhas.
  • DURANTE UM DADO INTERVALO DE TEMPO se refere ao período de tempo previsto para sua vida, ou seja, definição do tempo de operação exigido entre falhas. Por exemplo: Normalmente o tempo de operação do motor elétrico é indicado pelo fabricante e, sua vida útil tem relação com instalação, condições de uso e planos de manutenção. Um indicador chave de desempenho da Manutenção que remete a Confiabilidade é o MTBF Tempo Médio entre Falhas.

É indispensável a definição de uma estratégia robusta de manutenção que contribua para a melhoria da Confiabilidade, já que a confiabilidade representa o compromisso da manutenção em manter os ativos em pleno funcionamento para garantir a produtividade, segurança e qualidade dos produtos. Então, é necessário implementar os planos voltados para esse objetivo, tais como: lubrificação, manutenção preventiva, rota de inspeção, manutenção preditiva, PCM, gestão de contrato de terceiros, gestão autônoma e treinamentos operacionais.

Alguns resultados obtidos na perspectiva de Confiabilidade são a estruturação do planejamento, programação e controle da manutenção; melhoria da conservação dos ativos com apoio da produção e gerenciamento orientado pelos resultados.

A confiabilidade pode se dividir em:

  • CONFIABILIDADE INTRÍNSECA é a parcela determinada pelo projeto, fabricação e instalação do equipamento. Nessa etapa precisamos estar atentos a redução da complexidade; redundância para assegurar a tolerância a falha; eliminação dos fatores de tensão; teste de qualificação e revisão de projeto; análise de falhas.
  • CONFIABILIDADE OPERACIONAL é a parcela relativa ao uso e condições de trabalho envolvendo a Operação e a Manutenção. Nestas etapas é necessário o controle de materiais, métodos e alterações; controle de métodos de trabalho e especificações; instruções adequadas de uso e manutenção; análise de falhas em serviço; estratégias de reposição e de apoio logístico.

Para John P. Coleman (Presidente da MEETA- Sociedade Irlandesa de Manutenção) “A confiabilidade tem a ver com a eliminação de modos de falha e o gerenciamento de recursos para minimizar a frequência de falhas inevitáveis. ”

E, eliminar os modos de falha significa analisar a ocorrência ou condição física que causa uma falha e os possíveis estados de falha de um item para uma dada função requerida. Por exemplo: Em um Estator do Motor Elétrico que bombeia água para uma caixa de água, os modos de falha podem ser: falha de isolamento; enrolamento danificado; rotor queimado; vibração excessiva; rolamento travado. Nesses casos, é muito importante, entender que o efeito da falha poderá incidir na perda de fluxo do motor elétrico.

Para efetividade da confiabilidade é de extremamente importância a transparência, a credibilidade e o refinamento das informações disponibilizadas para a equipe de manutenção (ex: registros, históricos, check list, instruções de trabalho) bem como a consistência das medições (coleta e análise KPI´s).

Certamente no processo de Manutenção existem variações nos resultados obtidos na realização da mesma atividade no mesmo equipamento (ex: execução do plano de manutenção preventiva), devido a situações relacionadas aos profissionais alocados (CHA), as ferramentas utilizadas, a qualidade das peças e ao acesso às informações relevantes entre outras variáveis. Por isso, deve haver uma correspondência robusta entre os resultados da mesma atividade a fim de evidenciar a confiabilidade.

O primeiro passo da equipe multidisciplinar responsável pela CONFIABILIDADE pode ser que todos “falem a mesma língua”, ou seja, determinar o real significado e ter clareza dos termos utilizados nesse processo e chegar a um acordo sobre as respostas para algumas perguntas, tais como:

  • O que é confiabilidade para a nossa empresa?
  • Estamos preparados para atender os requisitos de manutenção a fim de garantir a Confiabilidade?
  • O que é normal ou anormal na função de um equipamento ou instalação?
  • Quais recursos são necessários para que seja possível agir efetivamente nas causas das falhas e contribuir com a eficiência global da empresa?
  • Qual é nossa sistemática de análise de falha? E como validá-la?
  • Vamos aplicar a análise de falha em todos os equipamentos? Porquê?
  • Como identificar um modo de falha e o dano causado?
  • Qual o resultado ou consequência da falha (efeito da falha)?
  • Quantas vezes essa mesma falha já aconteceu (ocorrência de falha)?
  • Qual é a gravidade da falha quando ela ocorre (severidade de falha)?
  • A falha pode ser encontrada antes dela ocorrer (detecção de falha)?
  • É possível calcular o risco associado ao modo de falha?

Assim, Gestores e Equipe de Manutenção precisam perceber que a falha altera a confiança, logo, a Confiabilidade significa não falhar.

Da mesma forma, precisam compreender de que maneira a manutenção está impactando à Confiabilidade dos equipamentos e instalações de sua empresa, a fim de definir uma estratégia robusta de manutenção que contribua para a melhoria da cultura de Confiabilidade.

 

Dica Gênesis para o Gestor:

Tenha estratégias definidas nas aquisições de ativos e foco no aumento do ciclo de vida útil do ativo, defina os ativos críticos e pratique a aprendizagem e melhoria continua.

 

Autores: Mara Rejane Fernandes e Moisés Fernandes Dias

Conteúdo Relacionado